O que não pode ser feito no processo de nomeação de um ministro ou ministra do STF?

Veja por que a indicação de Alexandre de Moraes para o STF não é legítima

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Jurista e político brasileiro, Alexandre de Moraes foi indicado ao cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal pelo presidente Michel Temer, no dia 6 de fevereiro. A indicação ocorreu após a morte do ministro Teori Zavascki, no último dia 19 de janeiro.

Antes mesmo de a Comissão de Constituição Justiça e Cidadania (CCJ) emitir seu parecer sobre o indicado – o documento construído pelo relator Eduardo Braga (PMDB) foi discutido na CCJ nesta terça-feira (14) –, Moraes participou de uma “sabatina informal” no último dia 7.

Na ocasião, oito senadores se reuniram na chalana ‘Champagne’, do senador Wilder Moraes (PP), para questionar o indicado sobre as posições em temas como a operação Lava Jato e à legalização das drogas.

Sabatinas que não sejam realizadas na CCJ não estão previstas na legislação. Segundo regimento interno do Senado Federal é necessário que a indicação seja primeiramente avaliada pela CCJ, para que uma sabatina com os senadores e senadoras que compõem a Comissão seja marcada.

Ao se fazer uma sabatina informal, a portas fechadas, em local privado, fere-se o princípio da transparência e não se permite o controle da sociedade, pois elimina-se qualquer tipo de participação da população.  Além de não poder contribuir com perguntas – no Senado é possível enviar dúvidas para o candidato através do portal E-Cidadania – cidadãos e cidadãs não podem assistir ao debate, que costuma ser gravado e transmitido ao vivo em canais como o portal de notícias e a TV Senado.

>> Como acontece o processo de nomeação de ministros? 

Além disso, existem indícios de que Alexandre de Moraes não atende a dois requisitos necessários para integrar o cargo de ministro do STF, o denotável saber jurídico” – ou seja, tenha amplo conhecimento do que trata a Constituição Federal e as leis do país -, e “reputação ilibada”, sendo uma pessoa ética e sem histórico pessoal de atitudes que não sejam corretas.

Diversas reportagens apontam que o ex-ministro da Justiça já foi reprovado em diversos concursos públicos, além de questionarem sua produção acadêmica, com acusações de plágio.

Nesse processo, diversas organizações e redes – como a Articulação Justiça e Direitos Humanos (JusDh) – denunciam o posicionamento e a atuação de Moraes em momentos passados. A filiação ao Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), lhe rendeu indicações a relevantes cargos de confiança do Poder Executivo.

Entre o fim de 2014 e 2016, esteve à frente da Secretaria de Segurança Pública do estado de São Paulo. Em maio do último ano, assumiu o Ministério da Justiça e Cidadania. Sua atuação nesses dois últimos cargos é marcada pelo arbítrio e falta de diálogo com a sociedade civil. A truculência contra aqueles, o incentivo à força bélica e a criminalização dos movimentos sociais e reivindicatórios também são pontos denunciados pelas organizações.

Em nota, a JusDh repudiou o indicado por Michel Temer, e reforçou a crítica ao atual modelo de indicação de ministros do STF. Para a JusDh, a escolha para a vaga é feita de forma bastante distante da sociedade, com interesses contrários à democracia.

>> Leia a Nota de repúdio à indicação de Alexandre de Moraes ao STF

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